A Polícia Civil de São Gabriel deve concluir e remeter à justiça nesta quinta-feira o inquérito que apura a abordagem, as agressões, o desaparecimento e a morte de Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, em 12 de agosto. Os três policiais que abordaram o jovem na última vez que foi visto com vida estão presos. O prazo para a conclusão do inquérito encerra nesta quinta-feira. Embora em outras oportunidades do inquérito, os órgãos de segurança pública do Rio Grande do Sul tenham feito coletivas de imprensa, a Secretaria de Segurança Pública não tinha coletiva prevista até o final da tarde de quarta-feira. Mensagens trocadas pelos policiais em redes sociais e que são provas das investigações mostram preocupação após ligação para o quartel.
As investigações estão feitas pelos policiais da Delegacia de Polícia de São Gabriel e são coordenadas pelo delegado José Bastos, titular da delegacia. Os três policiais investigados são o sargento Arleu Júnior Cardoso Jacobsen,e os soldados Cleber Renato Ramos de Lima e Raul Veras Pedroso. O trio já foi indiciado no Inquérito Policial Militar (IPM).
Leia também
Diário tem acesso a inquérito e laudo de necropsia, que apontam novos detalhes da causa da morte de GabrielO que se sabe e o que não se sabe sobre o Caso GabrielPoliciais Militares trocaram mensagens sobre possível morte de Gabriel após agressões
Policiais trocaram mensagens falando sobre o caso e apagaram conteúdo, mas investigadores recuperaram conversas. Foto: RBS TV (Reprodução)
Na quarta-feira, o conteúdo de conversas dos três policiais foi divulgado pela reportagem da RBSTV. Parte das conversas já teriam até sido apagadas, mas foram recuperadas pelo Núcleo de Perícias do Ministério Público (MP). Eles se questionam se o jovem está morto, se saiu caminhando ou até se teria se afogado. Em outra conversa, um dia após a abordagem e desaparecimento de Gabriel, o soldado De Lima envia uma notícia sobre o desaparecimento do jovem ao sargento Jacobsen, que responde debochando que a culpa seria do “gordinho” (Pedroso). Policial que teria dado o tapa e os golpes de cassetete em Gabriel.
Na madrugada do dia 14, Pedroso manda mensagens para o colega. Ele avisa que “ligaram do QTL”, o quartel na linguagem policial, e que alguém viu Gabriel entrando na viatura. Também diz que a Polícia Civil já sabe. Ele ainda comenta que o jovem “tem que aparecer, de preferência, vivo”.
O caso
Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, desapareceu por volta da meia-noite do dia 12 de agosto, no Bairro Independência, em São Gabriel. Segundo o relato de uma moradora, ela teria chamado a Brigada Militar (BM) após o jovem ter forçado a grade da casa dela e tentado entrar no local. Policiais foram até o endereço, abordaram, algemaram Gabriel e o colocaram no porta-malas da viatura. Depois disso, o jovem não foi mais visto.
O corpo dele foi encontrado dia 19 de agosto, em uma barragem na região conhecida como Lava pé. Os três policiais (Arleu Júnior Cardoso Jacobsen, Cleber Renato Ramos de Lima e Raul Veras Pedroso) que abordaram o jovem foram presos na sexta-feira (19) a noite e estão no presídio militar em Porto Alegre desde então. Eles já foram interrogados pela Polícia Civil e pela Justiça Militar e as defesas negam agressões e assassinato. O Inquérito Policial Militar foi remetidoo à Justiça Militar dia 29, e encaminhado ao Ministério Público (MP) dia 30.
Timeline Caso Gabriel de Diário de Santa Maria
Leia mais sobre o Caso GabrielLeia todas as notícias
VÍDEO: veja como ficou o Colégio Marista após incêndio de grandes proporções 
“A sensação é de que tudo foi embora”: chuva isola famílias, destrói balneários e causa prejuízos na região central do Estado 
Onde a comida é gesto de afeto: hospital de Santa Maria mantém tradição e serve ceia de Natal a pacientes e acompanhantes 
